quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Delirante reencontro



E quando as escolhas que tomamos e as mudanças que na vida
nos afetam, o que fica pode ser apenas a saudade, a incerteza de um reencontro,
o desejo da eternização de certos momentos...

A vontade grandiosa de posse, não de sufocar, mas de não deixar
ir novamente o que nunca lhe pertenceu; o querer acreditar novamente, a
enganosa sensação de que reparar algo quebrado, pelo menos naqueles instantes de
reencontro, tudo isso parece possível e desejado.

Mas o que fica, o que nos resta, para além das lembranças
que, ano a ano, se desvanecem e misturam-se aos devaneios? E o que carregarei
para o resto da vida, escorrega por entre os dedos, por mais apertado que o
punho se feche sobre si, até restar o delírio da certeza de que o vivido, já
morreu, que as relembranças pouco jus fazem àqueles momentos, insultando-os com
os devaneios de um louco; não louco da razão, mas louco da emoção que, de tanto
amar uma vez, jamais consegue amar daquela forma, novamente.

O que resta, no máximo, são tentativas frustradas, forjadas,
de alcançar aquela felicidade cujo espectro perde seu contorno e já não sabemos
mais, se vivemos ou se fantasiamos.

E pensar que das lembranças restam cinzas e apenas uma
melodia ao vento, tão pouco, nos parece, daquilo que queremos...