sexta-feira, 21 de outubro de 2011

23 Anos e Um Desejo

Datas de aniversário tendem a nos trazer, pelo menos, duas emoções: alegria pelas felicitações dos amigos e pela festa (maior ou menor, não importa) que sempre acaba acompanhando esse dia, e saudade, nostalgia, certa tristeza.

Dizem que a saudade é um sentimento tão doloroso quanto um ataque cardíaco. Nosso coração, que nosso cérebro parece fazer sentir, aperta com a saudade. Saudade do que foi e daquilo que poderia ter sido.

Como ser humano que sou, me prendo muito nesses dois mundos: o do realizado e o do inexistente e acabado. Neste último, estou aprendendo a não pensar muito “e se...”. A Dúvida, meus amigos, pode ser tão cruel, pois não vem sozinha, mas caminha com a Culpa. O que não foi, nunca será. E acho que nunca na vida terei tanta certeza assim...

Mas o que dói e é uma dor prazerosa, é aquilo que foi. Ah, as coisas boas da vida! Cada um de nós tem as suas e eu aqui enquanto escrevo lembro de várias que só a mim terão sentido, por isso calo.

Momentos com as pessoas certas, na hora certa. Sabe quando duas pessoas se conectam realmente? Pois é esse tipo de conexão que fazem a vida ser o que é, esse caos ao vento que ora te joga para baixo, ora te lança aos céus.

Que fosse me dado um desejo a ser realizado no dia de meu aniversário, não pensaria duas vezes. Sei bem o que pediria. Pediria uma pessoa cuja companhia justifica o inexplicável de se estar vivo, cujo olhares substituem as palavras e cada um sabe exatamente o que o outro quer. Amor? Não, não quero mais esse amor envenenado das redes sociais, ou aquele amor cuja palavra “A.M.O.R.” está tão intoxicada, que dizê-la mata o verde e natural ao redor.

Não! Pediria essa conexão que tem vencido os anos e a distância. Se consigo conectar-me assim com outras pessoas? É possível. Mas e será que as outras pessoas se conectariam da mesma forma? Os últimos tempos tem mostrado que não.

Conheci pessoas que se acovardam da vida, que deixam-se guiar por coisas outras que a simples ação de ser e de viver o que pode viver com outra pessoa.

Pessoas com medo de envelhecer (como se isso fosse doença), com medo de dizer “você é meu, eu sou sua” (como se isso fosse posse). E o que nesse mundo realmente tomamos posse? Pense e verá que não temos nada a não ser o que conseguimos com as pessoas ideais.

Perfeição? Perfeição é uma distorção, esquizofrenia. O que todos queremos é conexão. Eu tive a minha e se há algum tipo de justiça no meio de todo esse caos, que eu a tenha de novo, e novamente, e assim até o fim dos meus dias. Isso sim faria todo o resto ser brincadeira de criança...e voltaria a ter a alegria de uma.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Delirante reencontro



E quando as escolhas que tomamos e as mudanças que na vida
nos afetam, o que fica pode ser apenas a saudade, a incerteza de um reencontro,
o desejo da eternização de certos momentos...

A vontade grandiosa de posse, não de sufocar, mas de não deixar
ir novamente o que nunca lhe pertenceu; o querer acreditar novamente, a
enganosa sensação de que reparar algo quebrado, pelo menos naqueles instantes de
reencontro, tudo isso parece possível e desejado.

Mas o que fica, o que nos resta, para além das lembranças
que, ano a ano, se desvanecem e misturam-se aos devaneios? E o que carregarei
para o resto da vida, escorrega por entre os dedos, por mais apertado que o
punho se feche sobre si, até restar o delírio da certeza de que o vivido, já
morreu, que as relembranças pouco jus fazem àqueles momentos, insultando-os com
os devaneios de um louco; não louco da razão, mas louco da emoção que, de tanto
amar uma vez, jamais consegue amar daquela forma, novamente.

O que resta, no máximo, são tentativas frustradas, forjadas,
de alcançar aquela felicidade cujo espectro perde seu contorno e já não sabemos
mais, se vivemos ou se fantasiamos.

E pensar que das lembranças restam cinzas e apenas uma
melodia ao vento, tão pouco, nos parece, daquilo que queremos...