terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Morte no espelho

Imaginem a cena em que, a cada manhã, um homem acorda da sua noite de sono, posta-se diante de um espelho e percebe que o que esta vendo refletido é, antes e acima de tudo, um si-mesmo para a morte. A morte disfarçada naquele rosto de carne, osso, sangue, talvez não tão mais familiar.

Talvez esse homem tenha percebido que a morte está em todo lugar, para todos, que a foice corta o ar e ceifa a vida. Que pense que ela nucna chegará antes da hora certa, de que há muitos anos a serem vividos (sobrevividos?!) e experiências para serem experienciadas. Ou, ainda, veja um rosto/corpo que envelhece, perde encantos e adquire outros (que aos superficiais olhos não existem).

Quem sabe, se tiver sorte, vai ver a própria morte abraçada com a vida, dançando em cada célula de seu corpo e, conclua (e sinta) que ambas são uma só e que, afinal, é ele mesmo.

A morte então não seria algo em si mesmo, vinda de fora da nossa existência e causadora do efeito de inércia, de paralisia do corpo. A morte está nele, é ele próprio.

Lembro aqui de Heiddeger que diz que assim que nascemos, estamos prontos ou aptos à morrer. O homem que se postou ao espelho também, esse homem que somos nós.

Esperamos a morte vir, mas ela já está aqui desde sempre, ela veio com a vida, sua amante na eternidade.

Pintura "Morte e Vida" de Gustav Klimt, D.R.

2 comentários:

  1. hehehe... mas aquele parágrafo do final eh simplesmente SENSACIONAL...
    "Esperamos a morte vir, mas ela já está aqui desde sempre, ela veio com a vida, sua amante na eternidade." Perfeitoooo...

    abraço Cadoreee

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  2. Opa.
    Achei que ninguém tinha lido.hehehehee
    Valeu aí. Essa é uma tentaiva de unir sentidos e ideias.

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